Psicologia do desejo: gatilhos x metas
Você já pensou na Psicologia do desejo? Interessante, né? Encontrei um livro que se chama exatamente…A Psicologia do Desejo (The Psychology of Desire).
É curioso como os desejos nos afetam tanto mas, mesmo assim, quase nada se fala sobre eles. Como eles surgem? Do que se alimentam? O que fazer com eles?
Neste livro (A Psicologia do Desejo) tem um trecho que levanta uma questão desse tipo:
“Como o desejo surge, aumenta e diminui? O que torna algumas coisas tão atraentes que chamam nossa atenção, ocupam nossos pensamentos e alimentam nosso desejo? Quais mecanismos ampliam o desejo e de acordo com quais princípios o desejo é saciado?
As teorias do desejo precisam abordar a interação, muitas vezes complexa, das características do estímulo no ambiente e as predisposições em nós mesmos (ou seja, estados de necessidade, histórico de aprendizado) que fornecem o “terreno fértil” contra o qual esses estímulos externos podem ter seus efeitos poderosos. seus efeitos poderosos.”
O diagrama a seguir é interessante:
Não precisa se preocupar em entender o diagrama. O que quero compartilhar de interessante aqui é que já é possível ver formas de controlar/evitar o desejo: uma delas é evitar os gatilhos ambientais.
(Não é uma grande novidade, mas é algo que não costuma nos vir à mente frequentemente quando temos desejo, não é algo que aprendemos a ponto de automatizar).
Quais são os gatilhos para o seu desejo por chocolate? Fácil né?
Agora… quais são os seus gatilhos para o desejo de comer aveia? (“Será que isso existe mesmo?”)
Você pode não ter desejo por aveia, mas pode ter desejo por ficar saudável, diminuir o pânceps (o ‘músculo’ da barriguinha), parecer Health LifeStyle no Instagram. Quais são os disparadores desses desejos? O que te lembraria todo dia de comer aveia? Mexa no seu ambiente.
Curiosamente, quando li isso já pensei em um exemplo que serviria para um trecho do livro que eu li depois:
“No entanto, nosso relato prevê que um grande número de pistas muito diversas podem estar potencialmente envolvidas no acionamento de simulações de recompensa, tornando essa estratégia difícil de ser colocada em prática. Além disso, supomos que essas pistas podem ser difíceis de serem identificadas por um indivíduo, já que as conceitualizações situadas normalmente não chegam ao conhecimento consciente. Além disso, o controle do ambiente de uma pessoa, como remover ou evitar sinais relevantes, pode não ser possível.
O controle das pistas que ativam as conceitualizações situadas de de uma forma menos abrangente pode ser obtido por meio da preparação de metas. Quando alguém apresenta pistas no ambiente de uma pessoa que ativam conceitualizações situadas associadas a metas específicas (por exemplo, conceitualizações situadas de comportamentos a serem executados quando se está fazendo dieta), os comportamentos que podem facilitar a busca desses objetivos provavelmente ocorrerão como inferências de conclusão de padrão, mas somente entre aqueles indivíduos que armazenaram conceitualizações situadas relevantes de experiências anteriores (por exemplo, pessoas que fazem dieta). Como resultado, comportamentos como comprar e comer alimentos com alto teor calórico terão menos probabilidade de ocorrer após esses primes, em comparação com comportamentos como pedir uma salada salada saudável”
O meu exemplo de chocolate x aveia/dieta serve exatamente para isso (não se preocupe em entender o texto citado, o exemplo abaixo já explica o que quero compartilhar).
Controlar gatilhos do ambiente pode funcionar bem, mas nem sempre isso é possível (imagina que sua mãe faz o melhor bolo de cenoura e o cheiro te transforma em outra pessoa…pode ser até que pensar na sua mãe te leve a lembrar do bolo de cenoura e isso ativa seu desejo…)
Dá pra combater isso com preparação de metas (uma tradução mais ou menos de goal priming). Quanto mais gatilhos fortes você instalar para o seu comportamento de dieta, mais forte seu desejo pela aveia se torna e menos forte o desejo pelo bolo se torna.
(Já viu autocontrole de fisiculturista? Conseguem trocar bolo de cenoura por 7 refeições de arroz+frango batidos no liquidificador).
A Psicologia do desejo é fascinante, né? Estranhamente vemos pouco dela. Mesmo o meu tema do mestrado sendo dependência digital (“vício”), que tem tudo a ver com desejo, ainda tem muita coisa que quero saber sobre esse tema. E você? Se se interessou também, fala aí comigo nos comentários. Seu comentário pode ser um gatilho para o meu desejo de publicar mais sobre essa parte da psicologia 😁
About the Author
0 Comments