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O dilema do prisioneiro, cooperação e disputa, egoísmo e altruísmo

Suponha a seguinte situação.

Você e um parceiro de crime foram presos. Estão em celas separadas, sem contato. Você pode cooperar com seu parceiro (ficando quieto) ou denunciá-lo.

São 4 possibilidades:

A) Você coopera e ele também = Os dois ficam 6 meses presos
B) Você coopera e ele não = Você fica 10 anos preso, ele é solto
C) Você denuncia e ele coopera = Você é solto, ele fica preso 10 anos
D) Você denuncia e ele também = Vocês dois ficam presos por 6 anos

Você coopera ou denuncia?

*

Isso é chamado de dilema do prisioneiro.

É um exercício muito famoso e útil para pensar em cooperação e competição, egoísmo e altruísmo.

Pode ser usado para pensar em muitas situação práticas. Por exemplo: divórcio, guerras armamentistas, emissão de carbono.

Como você viu, é difícil pensar na melhor opção. No dilema do prisioneiro, os dois se dão melhor se os dois cooperarem (altruísmo). Mas você se dá bem mal se cooperar e seu parceiro te denunciar.

Já utilizaram inteligência artificial para calcular a melhor opção, probabilisticamente. Programas de computador diferentes escolhiam opções diferentes. O vencedor teve mais pontos (em uma versão, que imitava a seleção natural das espécies, o vencedor teve mais “programas-bebês”).

Qual programa você acha que teve os melhores resultados? O que era egoísta ou o que era altruísta?

O programa vencedor seguiu a seguinte programação:

> Cooperar no 1º movimento
> Cooperar se seu parceiro cooperou no movimento anterior
> Não cooperar se seu parceiro não cooperou

Esse algoritmo é idêntico ao altruísmo recíproco, uma proposição da biologia que explicaria porque desenvolvemos tendência a cooperar, ao mesmo tempo que desenvolvemos tendência a evitar (e punir, às vezes) quem não coopera.

Isso envolve o desenvolvimento de emoções sociais, como:

  • simpatia (predisposição para cooperar),
  • raiva (atacar, punir, se vingar de “traidores” e “ingratos”),
  • gratidão (por alguém que cooperou com você),
  • culpa (se sentir mal por ter prejudicado alguém que cooperou com você),
  • vergonha (quando seu egoísmo é descoberto) e
  • perdão (não punir “traidores” – evitando um ciclo infinito de não-cooperação)

Bem interessante, né?

About the Author

Tiago Azevedo
Tiago Azevedo

Doutorando, mestre e graduado em Psicologia. Especializando em Neurociências. Vi na internet o melhor meio possível para conversar sobre a mente e o comportamento humano. Acredito que o conhecimento científico pode (e deve) ser compartilhado, e não ficar limitado a laboratórios de pesquisa e consultórios de psicoterapia. Há anos trabalho no "Universo da Psicologia", um projeto de divulgação da Psicologia em várias plataformas (blogs, Youtube, podcast, redes sociais etc) que soma mais de 200.000 seguidores.

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