O elefante e a indisciplinaridade
No último mês:
1) Ministrei 2 minicursos.
1.1 Um deles sobre contribuições da Psicologia Social para as Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia, Ciência Política etc).
1.2 Outro sobre dependência digital como fenômeno psicossocial, que incluiu Marketing, Design/User experience, neurociência e um pouco sobre a minha pesquisa de mestrado (com foco em psicometria [psicologia + estatística]).
2) Dei uma aula sobre Genética do Comportamento (incluindo Psicologia evolucionista e diversidade cultural).
3) Comecei uma especialização em Neurociências.
4) Terminei um curso em Filosofia das Ciências Cognitivas, voltei a estudar os significados (Fenomenologia-Existencial, Antropologia, Psicologia Cultural etc).
5) Vi um elefante.
Enfim, uma bagunça. Pelo menos é o que parece quando olhamos cada parte separada. E esse é o elefante na sala.
Na história dos cegos e o elefante, cada pessoa (que nunca viu um elefante) toca apenas uma parte do elefante e acredita que ela é o todo. Assim, pra um o elefante é a tromba, pra outro é a pata, pra outra é a orelha.
Em algumas versões, os cegos descobrem suas divergências, suspeitam que os outros não estejam dizendo a verdade e entram em conflito.
Em outras versões, eles param de falar, começam a ouvir e colaboram para “ver” o elefante inteiro.
Em outra, um homem que enxerga entra na parábola e descreve o elefante inteiro de várias perspectivas, os cegos descobrem que estavam todos parcialmente corretos e parcialmente errados.
*
Recebi uma pergunta mais ou menos assim: “Se a genética do comportamento é tão objetiva, como fica a subjetividade?“. É uma boa pergunta. A resposta não parece tão simples, a princípio, porque somos treinados para abraçar uma pata do elefante e não soltar mais.
Somos treinados em disciplinas, e somos limitados por elas. Como o conhecimento não respeita esses limites, a única coisa que faz sentido pra mim é a indisciplinaridade.
Ps.: O elefante é muito foda.
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