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O que é aceitação para a Psicologia? (E porque ela é tão importante)

O que é aceitação para a Psicologia?

O que a psicologia diz sobre aceitação? A aceitação em Psicologia pode significar muita coisa. Segundo o dicionário da APA (Associação Americana de Psicologia):

“aceitação

 

1. uma atitude favorável em relação a uma ideia, situação, pessoa ou grupo. No contexto da psicoterapia e do aconselhamento, é a atitude receptiva e sem julgamento dos terapeutas ou conselheiros, que transmite um respeito implícito e uma consideração pelos seus clientes como indivíduos.

 

2. reconhecimento voluntário de validade ou correção. No contexto da recuperação do abuso de substâncias e de outras dependências, é essencial que uma pessoa aceite que tem um problema antes que qualquer intervenção possa ser eficaz.”

O que significa uma pessoa aceitar algo?

Por essas definições, uma pessoa aceitar algo pode significar que ela:

  • tem uma atitude favorável em relação a esse algo
  • reconhece que esse algo á válido ou correto

A aceitação na psicologia também é muito trabalhada no contexto das Terapias Cognitivo-comportamentais (TCCs), com outros sentidos.

O que é aceitação na TCC?

Aceitação significa

“assumir uma postura de consciência sem julgamento e abraçar ativamente a experiência de pensamentos, sentimentos e sensações corporais à medida que ocorrem” (Hayes et al., 2004)

Essa definição de aceitação foca nos estados internos. Nesse caso…

O que é o sentimento de aceitação?

O sentimento de aceitação aqui passa por experimentar os sentimentos (e outros estados internos). Isso inclui não fugir. Mas não é simplesmente experimentar a ansiedade em puro desespero (ai ai ai! to ansioso! ahhhhhhhhhhh!!!). É experimentar o sentimento sem julgamento, do tipo “tô experimentando a ansiedade” (é uma observação apenas, uma postura de consciência).

O ai ai ai! to ansioso! ahhhhhhhhhhh!!! envolve julgamentos, do tipo:

  • ‘ansiedade é péssima!’,
  • ‘odeio ter ansiedade!’,
  • ‘ahhhh! De novo isso!!’

O sentimento de aceitação não é o de resignação, ou o de sofrimento passivo. O sentimento de aceitação aqui é “abraçar ativamente” as experiências que você tem. Em vez de se lastimar pela ansiedade, você abraça a ansiedade, sente ela, deixa ela passar.

Aceitação radical

Vejamos agora uma definição de aceitação radical.

“A aceitação radical reside no abandono da ilusão de controle e na disposição de perceber e aceitar as coisas como elas são agora, sem julgar. [É uma] abertura completa e total aos fatos da realidade como eles são, sem fazer birra e ficar com raiva.” Marsha Linehan (2021; p. 503)

Essa definição já inclui os estados externos (o mundo). Mas, claro, também foca nos estados internos (nossas reações ao mundo).

O que é falta de aceitação?

A falta de aceitação envolve lutar com ou fugir dos estados internos.

O que a falta de aceitação pode causar?

Tentar resistir ou evitar certas experiências difíceis pode causar ainda mais danos psicológicos (Hayes et al., 2006).

Por que o processo de aceitação é importante?

Por mais que possa parecer um conceito estranho a princípio, a aceitação é uma poderosa ferramenta psicológica.

Aceitação refere-se a reconhecer e permitir a sua experiência presente – não necessariamente a sua situação de vida. Nos casos de aceitar as situações de vida, você sempre pode avaliar se isso se aplica. Você pode mudar a situação? A aceitação é muito útil para situações que você não pode mudar.

Aceitação é liberdade. Você pode parar de fugir do que pensa e sente.

*

O que você acha? Já tinha pensado na aceitação dessa forma? Como você lida com ela na sua vida?


Hayes, S. C., Luoma, J. B., Bond, F. W., Masuda, A., & Lillis, J. (2006). Acceptance and commitment therapy: Model, processes and outcomes. Behaviour Research and Therapy, 44(1), 1-25.

Hayes, S. C., Strosahl, K. D., Bunting, K., Twohig, M., & Wilson, K. G. (2004). What is acceptance and commitment therapy?. In A practical guide to acceptance and commitment therapy (pp. 3-29). Springer, Boston, MA.

Linehan, M. (2021). Building a life worth living: A memoir. Random House Trade Paperbacks

About the Author

Tiago Azevedo
Tiago Azevedo

Doutorando, mestre e graduado em Psicologia. Especializando em Neurociências. Vi na internet o melhor meio possível para conversar sobre a mente e o comportamento humano. Acredito que o conhecimento científico pode (e deve) ser compartilhado, e não ficar limitado a laboratórios de pesquisa e consultórios de psicoterapia. Há anos trabalho no "Universo da Psicologia", um projeto de divulgação da Psicologia em várias plataformas (blogs, Youtube, podcast, redes sociais etc) que soma mais de 200.000 seguidores.

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