“Minha psicologia paradoxal”, por uma das maiores lendas da Psicologia
É uma sensação maravilhosa quando encontro alguém muito foda falando algo que eu falo praticamente sozinho (parecendo aqueles caras com cartaz de fim do mundo na rua em filmes americanos).
Claro que eles que são os gênios, não eu. Meu caso pode ser simplesmente amnésia da fonte: eu li um monte de coisa por aí, esqueci onde, e agora saio falando como se fosse eu pensando (o que é, mas com base no que outras pessoas pensaram).
De toda forma, o discurso tem um poder muito maior quando é Paul Meehl, um dos maiores gênios da Psicologia falando, não eu.
“HÁ MUITOS ANOS que estou habituado ao fato social de colegas e alunos considerarem paradoxais (alguns usariam talvez a palavra mais forte, contraditórias) algumas das minhas crenças e atitudes.
Lisonjeio-me com o fato de esta paradoxalidade surgir principalmente porque os meus pontos de vista (tal como o mundo) são complexos e não podem ser incluídos nalguma rubrica universitária simplista (por exemplo, behaviorista, freudiana, atuarial, positivista, hereditária). Por exemplo, os psicólogos que visitam Minneapolis pela primeira vez e vêm conversar comigo mostram geralmente sinais clínicos de um ligeiro choque psíquico quando encontram um divã no meu gabinete e uma fotografia de Sigmund Freud na parede.
Aparentemente, não é suposto pensar-se ou praticar psicanaliticamente se se perceber alguma coisa de filosofia da ciência, se se pensar que os genes são importantes para a psicologia, se se souber tirar uma derivada parcial, se se gostar e estimar Albert Ellis, ou se se estiver interessado em otimizar a previsão do comportamento através do uso de métodos actuariais! Mantenho que não existe um conflito irresolúvel entre estas coisas, mas não me proponho defender essa posição aqui.”
A pergunta que mais recebo: “Qual é a sua abordagem?”
Paul Meehl foi importante e famoso em Filosofia da Ciência, estatística aplicada à Psicologia e genética, entre outras coisas. O que ele disse representa também a minha “””abordagem””” de Psicologia.
Eu falo dela toda hora: quando tô falando de psicanálise usando psicometria ou análise de redes (estatística), quando mostro Vygotsky explicando como nossa mente trabalha com símbolos, quando falo da liberdade de sentidos com base em fenomenologia-existencial, quando falo de esquemas de reforçamento e dopamina no uso de redes sociais, quando falo de esquemas cognitivos a nível cerebral e a nível de comportamento…(várias dessas coisas eu compartilho nos stories do Instagram, segue lá).
Eu falo o tempo todo, mas também não falo. Isso porque só enxergamos o que estamos preparados para ver. A forma como a Psicologia é vista no Brasil, principalmente pelos estudantes e profissionais da área, nos atrapalha a entender a Psicologia científica (que é a minha abordagem!).
Isso tudo pode parecer confuso e paradoxal, como o Meehl disse. Mas pretendo explicar isso melhor em algum momento, em algum vídeo muito longo. Se você tiver interesse, cadastra seu email para receber as novidades do Universo da Psicologia e se inscreva lá no canal no Youtube (faça as duas coisas para garantir).
Também pretendo ensinar isso no meu maior e mais ousado projeto na internet. Demorará, mas sairá.
About the Author
0 Comments